"Certo dia recebo das mãos de minha irmã um dvd acompanhado de um pedido: 'Coloca pra tocar pra mim?!'. Quando vejo é o ultimo dvd da Vanessa da Mata, em Paraty. Bom, não sou fã mas dei o play. Começa então uma pegada de reggae meio acelerado. Normal, visto que a Vanessa antes da carreira solo cantava numa banda de reggae, chamada Shalla-Ball. O groove sinestésico segue e logo evolui para um inesperado dub de primeira qualidade. Surpreso e mais atento, percebo duas figuras levemente sobressalentes em meio a banda. No baixo um negão com um sobretudo preto e óculos escuros (e no mínimo, suspeitos), na bateria um 'tiozinho', com uma touquinha escondendo seus dreads-locks, dando uma íntima surra na batera. Depois de orquestrarem as duas primeiras faixas, saem sob olhar brilhante de Vanessa e entusiasmados aplausos da galera! (...)"
A suspeita foi válida, o baixista era Robbie Shakespeare e o batera era Sly Dunbar. Estes caras são simplesmente a dupla que deixou a maior herança musical na história do reggae! Estima-se que gravaram mais do que 200.000 musicas. Falou versatilidade e produção, falou com eles. O que tudo isso tem a ver com Black Uhuru? Nada não, só o fato que estes dois integrantes ilustres comandaram a cozinha rítmica da banda, que nessa época (1975) ainda chamava-se "Black Sound Uhro". Esta era uma das bandas que eles participavam. No começo da carreira, na segunda metade da década de 70, gravaram com as principais bandas, trios e coletivos da Jamaica. Tocaram (não perdoe o exagero) com todos os melhores da sua época: Skatalites, Abyssinians, Augustos Pablo, Culture, Peter Tosh, Horace Andy, Aggrovators, Delroy Wilson, Max Romeo, etc. Também eram titulares das convocações de Lee Perry, Sylvan Morris e King Tubby. Sempre dando o alicerce necessário para cada projeto. Máximo respeito é o que merecem... Sem delongas, vamos ao que interessa!
Black Uhuru significa Liberdade Negra em swahili, o dialeto mais falado em toda África. O disco de hoje deve ser colocado na sessão "clássico-dos-clássicos" em sua estante. O "Black Sounds Of Freedom", é originalmente uma reedição do primeiro álbum da banda, de 1977, chamado "Love Crisis". Produzido por Sylvain Morris (o mesmo que produziu as demos do "Catch a Fire", dos Wailers) foi remasterizado, aditivado e foi relançado quatro anos depois, em 1981, pelo selo Greensleeves. Nesta reedição participam grandes nomes da cena jamaicana. Michael Rose e Duckie Simpson cantam e vibram em alto e bom tom. Na linha de metal estão: Cedric Brooks, Hedley Bennett e Bobby Ellis. Winston Wright comanda o organ e o clavinete. Johnny Osbourne brinca com sua escaleta. Nas guitas Eric Lamont e Earl Chinna Smith. Na percussão Noel Scully Simms e Santa Davis. Segurando o leme deste navio estão, claro, Sly & Robbie. Pra mim a identidade sonora do Black Uhuru deve-se principalmente a esses dois. A bateria de Sly neste disco é bem diferente de todas a bandas desta fase. O baixo de Robbie marcava seu território, território este que nunca perdeu espaço, só ganhou reconhecimento em diversas releituras.
A versão deste torpedo que vos entrego é a deluxe edition, lançada em 2009, que guarda no primeiro disco o álbum original remasterizado e suas revisões aDUBadas. Seria o suficiente para um edição deste calibre. Mas tem gente que não sabe brincar. O segundo disco traz o álbum original de 77 "Love Crisis", seus respectivos dubs com participação de U-Black segurando o flow sobre a base arquiteta pelo produtor Prince Jammy. O disco é muito bom, realmente te conquista e te remete a saudosa década-de-ouro do reggae. Destaque para as faixas: I Love King Selassie, Eden Out Deh, Love Crisis e Willow Tree, também a versão para Natural Mystic de Bob Marley. Pedrada certeira, mesmo que tente desviar ela irá te atingir. Aproveite como lhe for conveniente esta clássica extravagância jamaicana!
Dê o play, macaco!
"[2009] Black Sounds Of Freedom (Deluxe Edition)"
- CD1: Overdubbed '77 Album + Bonus Tracks
1. Black Uhuru - I Love King Selassie I (4:36)
2. Black Uhuru - Satan Army Band (3:03)
3. Black Uhuru - Time To Unite (3:05)
4. Black Uhuru - Natural Mystic (3:10)
5. Black Uhuru - Eden Out Deh (3:32)
6. Black Uhuru - Love Crisis (3:15)
7. Black Uhuru - African Love (3:40)
8. Black Uhuru - Hard Ground (3:04)
9. Black Uhuru - Willow Tree (2:59)
10. Black Uhuru - Sorry For The Man (4:04)
11. Black Uhuru - Eden Dub (4:11)
12. Black Uhuru - Mystic Mix (3:38)
13. Black Uhuru - His Imperial Majesty (3:45)
14. Black Uhuru - Weeping Willow (4:11)
15. Black Uhuru - Bad Girls Dub (3:26)
16. Black Uhuru - Tonight Is The Night (3:57)
17. Black Uhuru - Firehouse Special (3:05)
18. Black Uhuru - African Culture (3:46)
19. Black Uhuru - Crisis Dub (3:47)
20. Black Uhuru - Sound Man Style (3:26)
- CD2: Original '77 Album "Love Crisis" + Bonus Tracks
1. Black Uhuru - Crisis For Love (3:13)
2. Black Uhuru - Satan Army Band (3:03)
3. Black Uhuru - Tonight Is The Night To Unite (3:06)
4. Black Uhuru - Eden Out Deh (3:29)
5. Black Uhuru - Sorry For The Man (4:07)
6. Black Uhuru & U-Black - Love You Girl (3:02)
7. Black Uhuru - I Love King Selassie (4:39)
8. Black Uhuru & U-Black - King Of All Time (3:09)
9. Black Uhuru - Natural Mystic (3:06)
10. Black Uhuru - Hard Ground (3:02)
11. Black Uhuru & U-Black - Crocodile Style (2:51)
12. Black Uhuru - African Love (3:39)
13. Black Uhuru & U-Black - Ride Into Zion (3:52)
14. Black Uhuru - Willow Tree (2:53)
A suspeita foi válida, o baixista era Robbie Shakespeare e o batera era Sly Dunbar. Estes caras são simplesmente a dupla que deixou a maior herança musical na história do reggae! Estima-se que gravaram mais do que 200.000 musicas. Falou versatilidade e produção, falou com eles. O que tudo isso tem a ver com Black Uhuru? Nada não, só o fato que estes dois integrantes ilustres comandaram a cozinha rítmica da banda, que nessa época (1975) ainda chamava-se "Black Sound Uhro". Esta era uma das bandas que eles participavam. No começo da carreira, na segunda metade da década de 70, gravaram com as principais bandas, trios e coletivos da Jamaica. Tocaram (não perdoe o exagero) com todos os melhores da sua época: Skatalites, Abyssinians, Augustos Pablo, Culture, Peter Tosh, Horace Andy, Aggrovators, Delroy Wilson, Max Romeo, etc. Também eram titulares das convocações de Lee Perry, Sylvan Morris e King Tubby. Sempre dando o alicerce necessário para cada projeto. Máximo respeito é o que merecem... Sem delongas, vamos ao que interessa!
Black Uhuru significa Liberdade Negra em swahili, o dialeto mais falado em toda África. O disco de hoje deve ser colocado na sessão "clássico-dos-clássicos" em sua estante. O "Black Sounds Of Freedom", é originalmente uma reedição do primeiro álbum da banda, de 1977, chamado "Love Crisis". Produzido por Sylvain Morris (o mesmo que produziu as demos do "Catch a Fire", dos Wailers) foi remasterizado, aditivado e foi relançado quatro anos depois, em 1981, pelo selo Greensleeves. Nesta reedição participam grandes nomes da cena jamaicana. Michael Rose e Duckie Simpson cantam e vibram em alto e bom tom. Na linha de metal estão: Cedric Brooks, Hedley Bennett e Bobby Ellis. Winston Wright comanda o organ e o clavinete. Johnny Osbourne brinca com sua escaleta. Nas guitas Eric Lamont e Earl Chinna Smith. Na percussão Noel Scully Simms e Santa Davis. Segurando o leme deste navio estão, claro, Sly & Robbie. Pra mim a identidade sonora do Black Uhuru deve-se principalmente a esses dois. A bateria de Sly neste disco é bem diferente de todas a bandas desta fase. O baixo de Robbie marcava seu território, território este que nunca perdeu espaço, só ganhou reconhecimento em diversas releituras.
A versão deste torpedo que vos entrego é a deluxe edition, lançada em 2009, que guarda no primeiro disco o álbum original remasterizado e suas revisões aDUBadas. Seria o suficiente para um edição deste calibre. Mas tem gente que não sabe brincar. O segundo disco traz o álbum original de 77 "Love Crisis", seus respectivos dubs com participação de U-Black segurando o flow sobre a base arquiteta pelo produtor Prince Jammy. O disco é muito bom, realmente te conquista e te remete a saudosa década-de-ouro do reggae. Destaque para as faixas: I Love King Selassie, Eden Out Deh, Love Crisis e Willow Tree, também a versão para Natural Mystic de Bob Marley. Pedrada certeira, mesmo que tente desviar ela irá te atingir. Aproveite como lhe for conveniente esta clássica extravagância jamaicana!
Dê o play, macaco!
"[2009] Black Sounds Of Freedom (Deluxe Edition)"
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- CD1: Overdubbed '77 Album + Bonus Tracks
1. Black Uhuru - I Love King Selassie I (4:36)
2. Black Uhuru - Satan Army Band (3:03)
3. Black Uhuru - Time To Unite (3:05)
4. Black Uhuru - Natural Mystic (3:10)
5. Black Uhuru - Eden Out Deh (3:32)
6. Black Uhuru - Love Crisis (3:15)
7. Black Uhuru - African Love (3:40)
8. Black Uhuru - Hard Ground (3:04)
9. Black Uhuru - Willow Tree (2:59)
10. Black Uhuru - Sorry For The Man (4:04)
11. Black Uhuru - Eden Dub (4:11)
12. Black Uhuru - Mystic Mix (3:38)
13. Black Uhuru - His Imperial Majesty (3:45)
14. Black Uhuru - Weeping Willow (4:11)
15. Black Uhuru - Bad Girls Dub (3:26)
16. Black Uhuru - Tonight Is The Night (3:57)
17. Black Uhuru - Firehouse Special (3:05)
18. Black Uhuru - African Culture (3:46)
19. Black Uhuru - Crisis Dub (3:47)
20. Black Uhuru - Sound Man Style (3:26)
- CD2: Original '77 Album "Love Crisis" + Bonus Tracks
1. Black Uhuru - Crisis For Love (3:13)
2. Black Uhuru - Satan Army Band (3:03)
3. Black Uhuru - Tonight Is The Night To Unite (3:06)
4. Black Uhuru - Eden Out Deh (3:29)
5. Black Uhuru - Sorry For The Man (4:07)
6. Black Uhuru & U-Black - Love You Girl (3:02)
7. Black Uhuru - I Love King Selassie (4:39)
8. Black Uhuru & U-Black - King Of All Time (3:09)
9. Black Uhuru - Natural Mystic (3:06)
10. Black Uhuru - Hard Ground (3:02)
11. Black Uhuru & U-Black - Crocodile Style (2:51)
12. Black Uhuru - African Love (3:39)
13. Black Uhuru & U-Black - Ride Into Zion (3:52)
14. Black Uhuru - Willow Tree (2:53)