MILES DAVIS: THE COMPLETE BITCHES BREW SESSIONS

Miles Dewey Davis Jr é um daqueles nomes que para sempre permanecerá guardado no coração do século XX. Trompetista, compositor e bandleader de jazz, esteve na vanguarda de quase todos os desenvolvimentos jazzísticos desde a Segunda Guerra Mundial até a década de 1990. Participou de várias gravações do bebop, das primeiras gravações do cool jazz, além de participar do desenvolvimento do jazz modal. Nos meados dos anos 70, Miles deixara de fazer jazz como havia feito até então, atentando-se para o funk de artistas como Sly and the Family Stone e James Brown, e foi apresentado à Jimi Hendrix e sua música através de sua esposa Betty. Tudo isto contribuiria para o que viria a ser o disco em questão.

The Complete Bitches Brew Sessions é um amplo conjunto de quatro CD's, que apresenta nove faixas não lançadas previamente (90 minutos de música fresca!), e ainda conta com a remasterização, minuciosa, que torna tudo mais audível. Bitches Brew é em si uma obra máxima, composta por melodias cromáticas abstratas e rítmos sincopados, que foram tecidos em conjunto por alguns dos mais geniais e influentes músicos de jazz de todos os tempos. Tony Williams, Larry Young, John McLaughlin, Chick Corea, Wayne Shorter, Joe Zawinul, Dave Holland, Bennie Maupin, Jack DeJohnette, Harvey Brooks, Airto Moreira, Herbie Hancock, Don Alias e Steve Grossman todos contribuíram massivamente com este trabalho mesmo que informalmente.

Pharaoh's Dance abre a saga oferecendo certa continuidade com o trabalho prévio de Miles, In a Silent Way, uma vez que se abre com batidas vivas, rasas e algumas texturas de teclados e guitarra. O rascunho do clarinete baixo dá apenas sugestões de que uma tempestade bem sinistra está prestes a quebrar. E a tal tempestade realmente esbraveja ao longo desses quatro petardos, exemplificada principalmente nas trovoadas tonais que saem do trompete de Miles em conjunto com a bela caoticidade sonora que exala-se da guitarra de John McLaughlin. Rhodes ácidos que não poderiam deixar de ser citados como cruciais na construção desta eletrificação sonora proposta por Miles ainda marcam a presença. Bateria e baixo atêm-se à marcar o ritmo e às vezes roubam a cena chegando como quem nada quer. Basta atentar os ouvidos para a faixa título e seu violento riff de baixo para saber do que estou falando. O convívio entre calmaria e explosão exemplificados nas faixas, faz com que o disco adquira um caráter espiritual. Orange Lady e suas sitaras e cuícas e ainda a singela Yaphet são exemplos dessa característica. Esta pintura sonora enérgica e cativante com certeza toma-nos de corpo e alma, e é exatamente isso que Miles almejava. Tenha também em mente que este é um dos álbuns mais controversos que já existiu. É um pedaço da história e esta peça o ajudará a montar o quebra-cabeça que foi Miles Davis. Parafraseando certo título de livro, esse com certeza é um disco para "se ouvir antes de morrer"!

Dê o play, macaco!
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- CD1
1. Miles Davis - Pharaoh's Dance (20:06)
2. Miles Davis - Bitches Brew (27:01)
3. Miles Davis - Spanish Key (17:34)
4. Miles Davis - John McLaughlin (4:23)

- CD2
1. Miles Davis - Miles Runs the Voodoo Down (14:04)
2. Miles Davis - Sanctuary (10:59)
3. Miles Davis - Great Expectations (13:48)
4. Miles Davis - Orange Lady (13:52)
5. Miles Davis - Yaphet (9:42)
6. Miles Davis - Corrado (13:11)

- CD3
1. Miles Davis - Trevere (5:58)
2. Miles Davis - The Big Green Serpent (3:38)
3. Miles Davis - The Little Blue Frog (Alternative Take) (12:15)
4. Miles Davis - The Little Blue Frog (Master Take) (9:11)
5. Miles Davis - Lonely Fire (21:11)
6. Miles Davis - Guinnevere (21:07)

- CD4
1. Miles Davis - Feio (11:52)
2. Miles Davis - Double Image (8:28)
3. Miles Davis - Recollections (18:57)
4. Miles Davis - Take It or Leave It (2:16)
5. Miles Davis - Double Image (5:52)