No longa-metragem que leva o nome de Camile Claudel, conhecida popularmente como discípula de Rodin, um ditado é exteriorizado em tom profético, inspirando a crítica de hoje: "Nada cresce à sombra das grandes árvores". No longa ele diz respeito à relação mestre-discípulo. A origem desta relação é indeterminada, mas é provável que sua gênese tenha precedido à filosofia grega, estabelecendo raízes na essência tribal do homem. Foquemos no século vinte e vejamos como a pedagogia libertária do jazz sempre originou boas mudas, fazendo do gênero uma floresta, densa, diversificada, admirável.
Quando se lê a biografia de Miles Davis logo se tem a noção de como funcionava a dinâmica pedagógica do jazz: completamente emancipada da idéia de conhecimento institucionalizado, direcionado à possibilidade de construção coletiva do mesmo. Traduzindo em miúdos, a escola dos grandes músicos eram outros grandes músicos, um aprendia com o outro, conversando, perguntando, ouvindo e obviamente, tocando. Foi assim que Miles deixa a conceituada Julliard School of Music de Nova Iorque, para aprender com uma infinidade de músicos. Posteriormente e já assumindo o papel de mestre, Miles transmitiria seus conhecimentos à John Coltrane e também Herbie Hancock. Após a experiência no quinteto de Miles, Hancock montaria um grupo com maiores aproximações à tradição popular afro-americana. É o canto desta copa, interligada com Hancock e chamada The HeadHunters que buscaremos difundir.
Considerado como um dos últimos albums alucinógenos do gênero funk, “Survival Of The Fittest” marca a estréia dos HeadHunters em 1975. Herbie Hancock, que em 1973 havia descoberto e gravado com a banda o disco "Head Hunters", acaba apenas produzindo este. A intensidade de um laço mestre-aprendiz acaba por vezes adquirindo ares familiares, e como acontece na paternidade, Herbie, que não participa da instrumentação do disco, parece fazer que segura a pontinha da traseira de uma bicicleta, garantindo segurança e amplidão total para a banda manifestar uma mistura envolvente de jazz, funk e ritmos africanos. Equilibradíssimo do início ao fim, o disco conta com um entrosamento incrível entre baixo, guitarra e bateria, ataques percussivos e a força de Bennie Maupin que com sede de som, ataca numa infinidade de sopros. Certamente Herbie deve ter ficado orgulhoso, ao menos eu ficaria.
1. Headhunters - God Make Me Funky (9:42)
2. Headhunters - Mugic (3:36)
3. Headhunters - Here And Now (7:06)
4. Headhunters - Daffy's Dance (6:12)
5. Headhunters - Rima (8:14)
6. Headhunters - If You've Got It, You'll Get It (6:27)
2. Headhunters - Mugic (3:36)
3. Headhunters - Here And Now (7:06)
4. Headhunters - Daffy's Dance (6:12)
5. Headhunters - Rima (8:14)
6. Headhunters - If You've Got It, You'll Get It (6:27)