PATIFE BAND: CORREDOR POLONÊS

04/10/2016 Unknown

Por esses dias, um assunto voltou à tona como comentário numa postagem da Graziela Nunes sobre o Cabeça Dinossauro e lembrei ter ouvido esse papo algumas vezes. Aliás, desde a época de lançamento dos dois discos, mas a água gira a roda da vida e o lance ficou no lugar das coisas sem relevância. Tá! Mas que assunto é esse? Segue lendo.

Acho que em 2012, rolou um bate papo do Luiz Thunderbird no SESC de Rio Preto e eu fiz o meio de campo. Entre conversas de bastidores, caímos nesse assunto, porque semanas antes estive em São Paulo e se falou disso, sabe-se-lá-o-porque, em alguma madrugada etílica.

Em 1985, a Patife Band, banda dos menos conhecidos, Paulo Barnabé no vocal e piano, Paulo Pagni e James Muller na bateria, André Fonseca na guitarra, entraram pra gravar no mesmo estúdio e período em que os Titãs, banda um pouco mais conhecida, gravava Cabeça Dinossauro, já que ambas eram da mesma gravadora.

Paulo é irmão de Arrigo Barnabé e fazia experiências musicais com Itamar Assumpção. Sendo assim a Patife Band, era influenciada pelo punk, jazz e ritmos brasileiros, tornando-se um dos expoentes do movimento que ficou conhecido como Vanguarda Paulista, que se somou a um movimento global de inovações ocorridas na década de 1980, principalmente nos países mais industrializados, nas composições de gênero rock e punk rock incorporando métodos mais rebuscados e experimentais na métrica e ritmo das músicas, nos diz a internet.

Na postagem feita pela Grazi, falaram, que Liminha, ex-integrante dos Mutantes e produtor de Cabeça Dinossauro e de outros tantos discos que comprei, não saia do estúdio da Patife Band e que durante esse convívio, almoços e cafés, o ideário punk paulista, conceitos, sonoridades, temas foram transformados numa coisa palatável e aparentemente rebelde para a classe média. Diz ainda, que isso soterrou bandas com coisas autênticas e independentes como Ratos de Porão, Cólera, Inocentes, Garotos Podres e Mercenárias. Lembro que um dos motivos do “soterramento” se deu pelo fato do lançamento do Cabeça Dinossauro ter sido antecipado e feito com uma divulgação massiva na Rede Globo, por exemplo.

Thunder me confirmou tudo isso, até por ser amigo de Paulo Barnabé e Liminha, inclusive, por já ter conversado com ambos sobre isso. Então, entendi quanto somos manipuláveis, que ídolos são de barro e que como pessoas comuns, falham. Na real, toda essa história não diminui a importância de nenhum deles e nem aumenta a dos demais.

Esse texto é quase uma anti homenagem, mas na boa? Quem liga? Ainda gosto do Cabeça Dinossauro e até gosto desse disco. Mais que isso, ainda gosto do Liminha. Durante um período, comprava discos pelas capas ou produtor musical e ele foi uma referência. Tremi na base quando fui chamado para liberar sua entrada na festa-show de aniversário de 60 anos do Lanny Gordin, que produzi junto com um amigo. Conversamos rapidamente, antes dele subir ao palco pra dar uma canja ao baixo.

Produzido por Pena Schmidt, gravado por Hamilton Griecco, Ricardo Franja Cavalheiro, Corredor Polonês só foi lançado em 87. Contou ainda com Bozo Barreti, teclados DX 7 em “To tenso” e “Pesadelo”, Zé Português, baixo em “Noite feliz”, Sidney Giovenazzi, baixo em “Pregador maldito”.



Dê o play, macaco!
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1 - Corredor Polonês – Paulo Barnabé (4:02)
2 - Pesadelo – Arrigo Barnabé, Paulo Barnabé (1:21)
3 - Chapéu Vermelho – Ronald Blackwell - versão – Hamilton Di Giorgio (3:41)
4 - Tô Tenso – Letras: Paulo Barnabé - Música: Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção (3:00)
5 - Poema Em Linha Reta – Letras: fragmento inicial de um poema de Fernando Pessoa – Arrigo Barnabé (2:06)
6 - Teu Bem – Paulo Barnabé (3:46)
7 - Três Por Quatro – Paulo Barnabé (2:17)
8 - Pregador Maldito – Paulo Barnabé (2:24)
9 - Vida De Operário – Excomungados (3:16)
10 - Maria Louca – Patife Band (2:51)

Antonio Carlos Nicolau, 44, é produtor cultural. Suas primeiras impressões musicais estão entre 1980 e 1984 por meio de especiais de TV para crianças (A arca de Noé I e II, Pirlimpimpim, Pluct Plact Zuum). Em 1985, assistiu, também pela TV, o Rock in Rio e logo teve o primeiro LP do Iron Maiden em suas mãos. Desde então vem de sentidos abertos a quase tudo e todos.

 
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