Matumbi emerge em Londres, em 1972, meio à recém jornada arrebatadora do reggae ao redor do mundo. Talvez pela impressão de que "reggae raíz" só poderia ser feito na Jamaica, o trabalho destes ingleses tenha ficado em segundo plano, sendo pouco relacionado ou divulgado. Havia um foco óbvio sobre os materiais de criação jamaicana. Com o tempo tal material obteve melhores revisões e, assim, importantes citações e reconhecimento. Vê-se que este material, no caso, sempre foi equivalente com quase tudo de qualidade vindo da Jamaica, afinal, o que saia da ilha ganhava em objetividade criativa, mas perdia em recursos tecnológicos e técnicas modernas de gravação. Nesta hora, bandas inglesas podiam sair na frente. Claro que as limitações da ilha jamaicana foram válidas. Devemos lembrar que sem esta escassez de ferramentas o DUB não seria como ele é hoje. A massa-base utilizada hoje para toda produção musical ou audiovisual - mesmo que de forma despercebida. Este é o DUB, a essência ensaiada. O som mais tocado dentro de estúdios e afins, de todos os tempos...
Matumbi entrou no time dos verdadeiros ratos-de-estúdios (nebulosos estúdios, eu diria) experimentando, ousando sem medidas padrões, sem contenção de esforços. Lançaram o disco "Points Of View" , em 1979, e conquistaram de vez a justa notoriedade. Um ano depois produziram seu primeiro álbum de dub. Dirigido pelo produtor (e guitarrista da banda) Denis Bovell, colocando a Inglaterra como um novo roteiro, uma nova escala para o manifesto reggae mundial. Trata-se do breve catado "Dub Planet Orbit 1", de 1980, que transcende o retrato da banda Matumbi em engenhosas versões dubs. Contendo nada mais que o essencial para qualquer exímio "dub de raiz": aquele ambiente macio de amplidão cultivada cuidadosamente. Junto à Dennis nessa empreitada estava basicamente Glen Fagan, Jah Bunny, John Kpiaye, Webster Johnson (trazendo algumas mudanças entre um álbum e outro). O disco peca somente por ser ligeiro demais, são apenas 22 minutos de intenso groove. Um disparo rápido que comete nostálgica perspicácia.
Ah claro, não podia deixar de mencionar a saliente participação do renomado trombonista Vin Gordon (vulgo Don Drummond Jr.), na faixa "Hearts of Art". Outra que muito me agrada é a "Call Pon I". Este disco passaria fácil como sendo alguma produção do mago Lee Perry, com a pegada jamaicana. Excepcional! Por fim, inclua Matumbi na lista das boas bandas do Reino Unido (ao lado de Steel Pulse, Aswad, Mad Professor e Cimarons, por exemplo.) Chega de conversa! Observem a intimidade destes com o universo jamaicano. Ouçam sem cautela alguma, de preferência no último volume!
1. Matumbi - Frenz (4:14)
2. Matumbi - Ajali (3:26)
3. Matumbi - Call Pon I (3:35)
4. Matumbi - Hearts Of Art (2:58)
5. Matumbi - Afi Laugh (4:18)
6. Matumbi - Fuss & Fight (3:46)
2. Matumbi - Ajali (3:26)
3. Matumbi - Call Pon I (3:35)
4. Matumbi - Hearts Of Art (2:58)
5. Matumbi - Afi Laugh (4:18)
6. Matumbi - Fuss & Fight (3:46)