GONG

pitera
 "RADIO GNOME INVISIBLE TRILOGY"


Por vezes fico impressionado com a qualidade e a quantidade de projetos frutos do final da década de 60 e início de 70. Safra dotada de inventividade e de conteúdo que, por vezes, acaba nos causando saudosismo. Hoje vamos voltar no tempo e tratar dos nossos ouvidos com gala. Gong aterrisa no mundo em 1967, e o responsável pela abdução auditiva é o guitarrista e vocalista australiano Daevid Allen (também fundador do Soft Machine). Considerada um dos mais importantes projetos da "cena de Canterbury", Gong exprime uma essência única, um rock progressivo dotado de inventividade e criatividade. Por ora vamos sobrevoar apenas parte da intensa produção da banda: a trilogia que forma a "Radio Gnome Invisible". Atingiremos o pico mais curioso e desbravaremos a vastidão dos campos e a fertilidade do terreno musical que compoem esta aventura.

É indispensável notar que o mérito de tal trilogia não se deve apenas pelo seu impactante teor instrumental, mas também pelo teor lírico. Para construir as letras dos albums a banda teceu uma bem elaborada mitologia. Nesta, vigoram pulsantes e vibrantes elementos de psicodelia e lisergias, que em conjunto contribuem com a missão proposta: atingir uma visão de mundo irônica e despojada. A história foi baseada em uma visão do líder da banda, Daevid Allen durante a lua cheia da Páscoa de 1966, na qual ele afirma ter visto seu futuro diante de seus olhos. A mitologia começou a ser esboçada no segundo disco da banda, Camembert Electrique, mas teve sua maior parte centrada na louvável trilogia, constituída pelos discos Flying Teapot, Angel's Egg e You, todos lançados entre 1973 e 1974. Duas continuações foram lançadas posteriormente, Shapeshiffter e Zero To Infinite, e a mitologia também foi utilizada em trabalhos paralelos de membros da banda, em especial nos trabalhos solo de Allen e do guitarrista Steve Hillage. De cara se vê que o caldo rendeu; Aproveite, pegue carona neste barato e drope também essa doçura sonora!


Produzido quatro anos após o primeiro lançamento da banda, o primeiro album da famosa trilogia Gongiana chamada Radio Gnome é o mais cru, mas em alguns aspectos o mais balanceado das três. Produzido pelo renomado Giorgio Gomelsky (veja as produções com os Yardbirds, Blossom Toes e Magma), este álbum introduz o ouvinte ao Planeta Gong e à sonoridade espacial que se estende aos outros dois discos. O herói da trilogia, Zero, é apresentado tentando provar as várias delícias do mundo físico em uma tentativa de determinar o seu significado. Nesta jornada ele é ajudado por entidades de um mundo paralelo - os Pot Head Pixies do planeta Gong - que comunicam através dos próprios músicos os problemas da humanidade. Não se tratam de reflexões bixo-grilísticas, mas de uma mitologia humorística. Muitas idéias são inspiradas e emprestadas da filosofia budista, apresentadas de uma forma eufórica e com o talento musical de uma banda bem afiada. As duas primeiras faixas, Radio Gnome Invisible e Flying Teapot, introduzem as paisagens sonoras com o turbilhão jazzístico que reaparece em toda a trilogia, especialmente na última parte dela, chamada "You"

Dê o play, macaco!
"[1973] Flying Teapot"
senha: oficinademacacos.blogspot.com

1. Gong - Radio Gnome Invisible 5:32
2. Gong - Flying Teapot 11:54
3. Gong - The Pot Head Pixies 3:06
4. Gong - The Octave Doctors And The Crystal Machine 1:53
5. Gong - Zero The Hero And The Witch's Spell 9:35
6. Gong - Witch's Song / I Am Your Pussy 5:09

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"Angel's Egg" é o segundo álbum da trilogia. É o que mais exige do ouvinte, é conceitualmente o mais intrigante, para sintetizar: é O disco. Zero, o herói da estória agora enfrenta as mais intensas experiências físicas (leia eróticas), para encontrar-se por altruísmo em/no/do "Outro lado do céu". Aqui, como o ouvinte ele encontra consolo, ao perceber que não há resposta para os dilemas, mas que fazer perguntas a si mesmo, e aos próprios heróis musicais, é apenas natural. Novamente se encontra uma ampla mistura de gêneros que variam desde um canto fúnebre de bar em "Giving My Love to You" até psicodelismos empolgantes presentes em Castle in the Clouds. Um disco de doses instrumentais geniosas, encorpado pelo virtuosismo do Jazz. Os teores qualitativos dessa iguaria são elevados, tanto em groove quanto em técnica, capazes de despertar delírios e histerias gerais.

Dê o play, macaco!
"[1973] Angel's Egg"
senha: oficinademacacos.blogspot.com

1. Gong - Other Side of the Sky 7:40
2. Gong - Sold on the Highest Buddha 4:25
3. Gong - Castle in the Clouds 1:09
4. Gong - Prostitute Poem 4:52
5. Gong - Giving My Love to You 0:43
6. Gong - Selene 2:09
7. Gong - Flute Salad 2:09
8. Gong - Oily Way 3:37
9. Gong - Outer Temple 1:09
10. Gong - Inner Temple 2:34
11. Gong - Percolations 0:46
12. Gong - Love Is How You Make It 3:27
13. Gong - I Never Glid Before 5:36
14. Gong - Eat That Phonebook Coda 3:12
15. Gong - Ooby-scooby Doomsday 5:09

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"You" é a parte final da clássica trilogia. O disco é visto pela maioria dos ouvintes como a experiência mais gratificante das três. Discordo desta opinião e aponto o segundo álbum como o melhor. Mesmo assim mostrarei os caminhos, afim de que tirem suas próprias conclusões. A estória continua com Zero encontrando-se novamente envolvido na tarefa de fazer as perguntas do Mistério Perfeito. A banda nessa época estava se afastando do humor lunático do membro fundador Daevid Allen, e cada vez mais sobrevoando outros ambientes sob o tapete mágico do baterista Pierre Moerlin. Com a saída de Allen e Smythe eles ainda produziriam algumas músicas de classe, embora de natureza estranha, menos eclética e inovadora, mais imersa nas viagens do progressivo.

Dê o play, macaco!
"[1974] You"
senha: oficinademacacos.blogspot.com

1. Gong - Thoughts For Naught
2. Gong - P.H.P.'s Advice
3. Gong - Magick Mother Invocation
4. Gong - Master Builder
5. Gong - Sprinkling Of Clouds
6. Gong - Perfect Mystery
7. Gong - Isle Of Everywhere
8. Gong - You Never Blow Your Trip Forever

Daevid Allen - lead vocals; guitars
Gilli Smyth - space whispers, vocals
Tim Blake - VCS3 synthesizer; vocals
Steve Hillage - guitars; vocals
Mike Howlett - bass; vocals
Didier Malherbe - saxes, flute; vocals
Pierre Moerlen - drums, percussion

 
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