Steve Ellison é conhecido no mundo musical pelo codinome Flying Lotus. Se me indagassem à respeito da atual produção de música inovadora e autêntica, este artista certamente figuraria minhas indicações. A persistente busca pelo progresso em sua carreira como produtor e também pela concretização de uma sonoridade que exprimisse seu universo interior, fez com que este percorresse habilmente um fértil e grandioso terreno musical. Ellison parece ter em seu sangue a mesma persistência e a mesma dedicação metódica que seu tio, o jazz man John Coltrane tinha. Em Cosmogramma, o artista afirma ter começado a alcançar a maturidade auditiva e técnica suficiente para conseguir chegar onde desejava chegar quando era jovem, o som que sempre sonhou fazer.
Encaro Cosmogramma como um dos melhores lançamentos deste ano, se não o melhor. Fazendo as vezes de um explorador de intensas matizes sônicas, FlyLo faz o álbum atingir uma grandiosidade de proporções estelares. De imediato é notada a distinção deste se comparado aos seus projetos anteriores, que mais se assemelham ao gênero hip-hop. Mesmo assim, características de seus trabalhos prévios não são excluídos da totalidade de Cosmogramma. Mesmo assim, sonoridade, conceito e temática são notáveis exemplos de mudança. Ao hip-hop, são adicionados uma boa dosagem de Jazz e as já referidas matizes sônicas que ainda tomam de empréstimo algo dos vídeo-games. A entorpecente dosagem de jazz é certeira; Ravi Coltrane empresta a expressividade de seu sax transformando algumas peças em grandes momentos do álbum, como é o caso de "Arkestry" e "German Haircut". A mistura apreciável de elementos orgânicos com digitais torna a experiência de Cosmogramma incrível. A harpa de Rebekah Raff é outra peça indissociável do álbum, concebida com extrema graça. As linhas e arpejos do baixo de Thundercat também é ponto fortíssimo. A música "Mmmhmm" é um dos grandes momentos do álbum graças à presença deste.
É interessante notar como Cosmogramma se atrela ao sentido literal do termo “álbum”, pois o disco é concebido como movimento - as músicas conversam entre si, circundando o tema explicitado. Neste sentido, acaba se parecendo como uma obra de jazz vanguardista e acaba precisando de algumas escutas para decolar. No entanto, a densidade do som é algo que acaba vindo à tona de qualquer maneira. "Computer Face // Pure Being" e seu beat atordoado, parece colocar-nos em uma máquina de lavar roupas; chacoalha mas nos entrega já amaciados para a seguinte "...And the World Laughs With You" que conta com a colaboração de Thom Yorke do Radiohead em uma faixa também grandiosa. "Table Tennis" é auto explicativa. Impossível não ser transportado para a energia de um jogo de ping-pong cósmico. "Zodiac Shit", "Satelllliiiiiiite" e "Dance of the Pseudo Nymph" também são faixas não menos grandiosas e que merecem destaque.
O fato é que a totalidade do álbum não deixa nada a desejar. Faixas não citadas por aqui são dignas de respeito da mesma forma que as citadas. A concretização da proposta do movimento está enérgica, viva. Interessante e empolgante é pensar nos próximos lançamentos de Lotus, já que ele afirma que chegou só agora onde queria ter chegado. Este álbum é digno de um play bem dado... Segura essa pedrada!
Dê o play, macaco!
"[2010] Cosmogramma"
1. Flying Lotus - Clock Catcher (0:33)
2. Flying Lotus - Pickled! (2:35)
3. Flying Lotus - Nose Art (2:15)
4. Flying Lotus - A Cosmic Drama (3:13)
5. Flying Lotus - Zodiac Shit (1:28)
6. Flying Lotus - Computer Face (3:20)
7. Flying Lotus - And The World Laughs With You (feat. Thom Yorke) (2:05)
8. Flying Lotus - Arkestry (2:19)
9. Flying Lotus - Mmmhmm (feat.Thundercat) (2:30)
10. Flying Lotus - Do The Astral Plane (1:39)
11. Flying Lotus - Satelllliiiiiteee (2:18)
12. Flying Lotus - German Haircut (2:39)
13. Flying Lotus - Recoiled (2:42)
14. Flying Lotus - Dance Of The Pseudo Nymph (1:45)
15. Flying Lotus - Drips (0:17)
16. Flying Lotus - Table Tennis (feat. Laura Darlington) (2:08)
17. Flying Lotus - Galaxy In Janaki (2:17)
Encaro Cosmogramma como um dos melhores lançamentos deste ano, se não o melhor. Fazendo as vezes de um explorador de intensas matizes sônicas, FlyLo faz o álbum atingir uma grandiosidade de proporções estelares. De imediato é notada a distinção deste se comparado aos seus projetos anteriores, que mais se assemelham ao gênero hip-hop. Mesmo assim, características de seus trabalhos prévios não são excluídos da totalidade de Cosmogramma. Mesmo assim, sonoridade, conceito e temática são notáveis exemplos de mudança. Ao hip-hop, são adicionados uma boa dosagem de Jazz e as já referidas matizes sônicas que ainda tomam de empréstimo algo dos vídeo-games. A entorpecente dosagem de jazz é certeira; Ravi Coltrane empresta a expressividade de seu sax transformando algumas peças em grandes momentos do álbum, como é o caso de "Arkestry" e "German Haircut". A mistura apreciável de elementos orgânicos com digitais torna a experiência de Cosmogramma incrível. A harpa de Rebekah Raff é outra peça indissociável do álbum, concebida com extrema graça. As linhas e arpejos do baixo de Thundercat também é ponto fortíssimo. A música "Mmmhmm" é um dos grandes momentos do álbum graças à presença deste.
É interessante notar como Cosmogramma se atrela ao sentido literal do termo “álbum”, pois o disco é concebido como movimento - as músicas conversam entre si, circundando o tema explicitado. Neste sentido, acaba se parecendo como uma obra de jazz vanguardista e acaba precisando de algumas escutas para decolar. No entanto, a densidade do som é algo que acaba vindo à tona de qualquer maneira. "Computer Face // Pure Being" e seu beat atordoado, parece colocar-nos em uma máquina de lavar roupas; chacoalha mas nos entrega já amaciados para a seguinte "...And the World Laughs With You" que conta com a colaboração de Thom Yorke do Radiohead em uma faixa também grandiosa. "Table Tennis" é auto explicativa. Impossível não ser transportado para a energia de um jogo de ping-pong cósmico. "Zodiac Shit", "Satelllliiiiiiite" e "Dance of the Pseudo Nymph" também são faixas não menos grandiosas e que merecem destaque.
O fato é que a totalidade do álbum não deixa nada a desejar. Faixas não citadas por aqui são dignas de respeito da mesma forma que as citadas. A concretização da proposta do movimento está enérgica, viva. Interessante e empolgante é pensar nos próximos lançamentos de Lotus, já que ele afirma que chegou só agora onde queria ter chegado. Este álbum é digno de um play bem dado... Segura essa pedrada!
Dê o play, macaco!
"[2010] Cosmogramma"
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1. Flying Lotus - Clock Catcher (0:33)
2. Flying Lotus - Pickled! (2:35)
3. Flying Lotus - Nose Art (2:15)
4. Flying Lotus - A Cosmic Drama (3:13)
5. Flying Lotus - Zodiac Shit (1:28)
6. Flying Lotus - Computer Face (3:20)
7. Flying Lotus - And The World Laughs With You (feat. Thom Yorke) (2:05)
8. Flying Lotus - Arkestry (2:19)
9. Flying Lotus - Mmmhmm (feat.Thundercat) (2:30)
10. Flying Lotus - Do The Astral Plane (1:39)
11. Flying Lotus - Satelllliiiiiteee (2:18)
12. Flying Lotus - German Haircut (2:39)
13. Flying Lotus - Recoiled (2:42)
14. Flying Lotus - Dance Of The Pseudo Nymph (1:45)
15. Flying Lotus - Drips (0:17)
16. Flying Lotus - Table Tennis (feat. Laura Darlington) (2:08)
17. Flying Lotus - Galaxy In Janaki (2:17)