No mundo da música existem alguns selos que consolidam-se no mercado de forma tão singular que as relações sígnicas entre a marca e o produto ofertado acabam sendo bastante assimiladas pelos consumidores-ouvintes. Exala-se dessa relação um sinônimo de fidelidade para com a qualidade. É quase impossível falar de Jazz sem Blue Note, de funk/soul sem Motown e de música jamaicana sem Studio One. Por ora vamos exaltar a Mochilla, mantida pelos fotógrafos Brian Cross (aka B+) e Eric Coleman (aka Coleman), que apesar de embrionária se colocada ao lado dos outros selos citados, vêm consolidando-se bem no universo do hip-hop. Firmou-se com consistência após dois ambiciosos projetos: "Keep in Time" e "Brasilin' Time", cujas propostas eram promover inusitadas jams entre DJ's, MC's e músicos - Para baixar o Brasilin' Time clique aqui!. O album que coloco aqui hoje, nada têm do gênero hip-hop, mas é uma mix-tape cunhada por um admirador do gênero. "Sertão Madrugada" tem como essência um trabalho espetacular de diggin's cavucadas por B+. Os dizeres grafados na capa do disco podem nos mostrar os caminhos trilhados por ele, que já envereda-nos num ambiente árido e não menos instigante com o título escolhido. Ainda estancados na capa, estão mais alguns dizeres que para mim foram cruciais: "Music from Brazil, Colombia, Sierra Leone and Eritrea".
No interior do álbum, você encontrará uma mistura bizarra de funk, maracatu, baião e ritmos folclóricos que surpreendem orgulham de tal forma que te farão pensar menos nas baboseiras produzidas e consumidas em solo nacional. As faixas totalmente desconhecidas que têm como berço países como Colômbia, Serra Leoa e a Eritreia também são certeiras, digníssimas. É importante notar que não só os ritmos ditam as cores do disco. Os cantos são um espetáculo à parte, sinceros e gloriosos. As músicas que cantam em alto e bom som as tradições e a cultura dos povos, tocam a alma. As barreiras dos sons são tênues, talvez por isso fica a sensação de que as músicas abraçam e confortam quem as ouve. Embora as dezessete faixas do disco estejam sem qualquer nome (o que pode nos deixar sem referência), dá pra destacar a presença de conhecidos clássicos, que no entanto são revisitados por roupagens inusitadas, cujos intérpretes são de difícil identificação. "Asa Branca" figura o disco numa voz feminina, embalada numa levada mais groove, mas ainda com a presença dos elementos nordestinos. "Upa Neguinho" e "Pedro Pedreiro" são outros dois exemplos de clássicos revisitados. Defino este disco como um mergulho étnico-musical refrescante. Deixará satisfeito ouvintes ávidos que se embrenharem pelos frescores dessas águas profundas, de países riquíssimos em diversidade de gêneros e espécies!
"De todas as nações, nenhuma tem pessoas que amam e se apaixonam mais do que a minha. Nós estamos cercados por exagero, felicidade, espontaneidade e criação. A expressão da esperança em nossas faces é nossa marca registrada, mesmo que muitos nunca tenham recebido um ínfimo benefício da sociedade. Nós devotadamente acreditamos no novo mundo e na linda humanidade que sabemos que construiremos, sem a focinheira que pode afastar nossas liberdades, ou os chicotes que usam para assustar-nos, sem a ignorância que nos levaria ao estupor de um casulo vazio." ~Sócrates Brasileiro
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