ESTHER PHILLIPS: ALONE AGAIN NATURALLY

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ma voz feminina, aguda, anasalada, inconfundível. Voz que lindamente me estimula, e tenta libertar-me de um movediço terreno de dúvidas. A partir daí começo a discorrer neste punhado de linhas, falando de Divas. Sinceramente, quando pinta esse assunto em uma conversa, não consigo engolir aquele papo de que Beyoncé Knowles é uma grande cantora. Em minha concepção essa relação instantânea de grandiosidade só pode atrelar-se à seu corpo e à sua capacidade como entertainer. Como foi fabricada para este fim, penso que nada que horas e horas de atividades físicas, aulas de coreografia e radicalismos nutricionais não dêem conta de grande parte do recado. Não vou nem passar à Lady Gaga's e afins, para economizar tempo. A grande questão é: O que faz de uma mulher uma diva? Antes de tentar responder, vos apresento Esther Phillips, que me parece merecedora do título, e merecedora também de uma crítica aqui na nossa Oficina de Macacos.

Diva, do italiano, apresenta as significações: Deusa/ Mulher formosa/Cantora célebre. O dicionário por si só não explica a questão, visto que as ilustres Lady Gaga e Beyoncé encaixariam-se nestas denominações. Como aqui elas não são bem-vindas recorro a Freud. O psicanalista cunhou uma expressão para um fenômeno, que aconteceria com maior facilidade nas sociedades em que as figuras de autoridade não assumem sua devida importância: "Pobreza psicológica dos grupos" (Veja mais em Psicologia de Grupo e a Análise do Ego). É inquestionável a constatação de que a fragilidade identitária tenha seu lugar cativo na pós-modernidade. Quem hoje assume o papel de formadores de hábitos e opinião são as celebridades, embora uma maldição as assole: prevalece nelas a característica ensurdecedora do silêncio das almas.

Esther Phillips surge como contraponto, dona de uma voz rasgante, solícita à uma imensidão de gêneros que vão do jazz ao country, passando pelo blues, soul, r&b, funk, baladas e outras misturas. "Alone Again Naturally" foi gravado no fim de 1972, e deu sequência ao álbum From A Whisper To A Scream, que fora indicado ao Grammy. A relação do repertório escolhido com os arranjos de Pee Wee Ellis e Sebesky Don pode ser descrita como um abraço, daqueles que se encaixam enérgicamente e não desgrudam. Esta relação era a química perfeita para que a voz esfumaçada de Esther pudesse ser agregada e posteriormente, apreciada nos ares, hipnoticamente. Aqui, Esther evidentemente brilha como uma diva. Creio que a luz de uma diva seja natural, uma luz verdadeira, essencial, nada que seja forçado. Seu canto se encontra, se ouve e se nota. Ah, naturalidade que faz bem à todos! Continuarei com a minha, não engolindo forçado esse blábláblá de que Beyoncé é uma grande cantora...



Dê o play, macaco!
Download | Discogs

1. Esther Phillips - Use Me (3:50)
2. Esther Phillips - I Don't Want To Do Wrong (4:15)
3. Esther Phillips - Let's Move & Groove (3:40)
4. Esther Phillips - Let Me In Your Life (3:35)
5. Esther Phillips - Cherry Red (4:30)
6. Esther Phillips - I've Never Found A Man (To Love Me Like You Do) (3:25)
7. Esther Phillips - Alone Again (Naturally) (3:21)
8. Esther Phillips - Do Right Woman, Do Right Man (3:25)
9. Esther Phillips - You & Me Together (3:18)
10. Esther Phillips - Georgia Rose (5:00)

~integrantes:
Sax Tenor: Maceo Parker
Sax Alto: Hank Crawford
Sax Barítono: Cecil Payne
Baixo: Gordon Edwards, Ron Carter
Bateria: Bernard Purdie, Billy Cobham
Flugelhorn, Trompete: John Eckert, John Gatchell
Guitarra: Cornell Dupree, Eric Gale, George Benson
Orgão, Piano: Richard Tee
Percussão: Ralph MacDonald
Piano: Richard Wyands
Trombone: Sam Burtis

 
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