U
ma requintada celebração brasileira para as belas formas da música jamaicana. É assim que abrevio a gama sonora empregada no mais novo trabalho do Firebug. O album intitulado “Outra Coisa”, foi lançado em 2010 e já retrata mudanças desde o nome. O termo “outra coisa” reflete a atual fase da banda, cheia de contrastes e remanejamentos sonoros ou pessoais. Seja pela nova formação, que passara por mudanças substanciais, ou mesmo pela repaginação da velha música jamaicana, que mostra-nos uma nova cara com autênticas expressões tupiniquins, comprova-se: Aqui mudança é o remetente e a festa, o destinatário. O fato é que neste momento a sonoridade do Firebug é outra coisa! São novos ângulos para a mesma paisagem, cada qual mirada sob a imparcial faceta dos novos integrantes. O mote não mudou, continuam agarrando firme nas raízes da música jamaicana. Mas, com eloqüência e originalidade, enfatizaram desta vez os maiores ritmos dos anos 60: Rocksteady, Ska, Early-reggae e Soul, criando neste terreno, sua principal identidade. Para fortificar a obra, sombrearam todas as faixas com poderosas cargas de Dub – ora resguardadas pro finalmente, ora escancaradas logo no refrão. Uma produção de primeira qualidade, vinda do melhor país do terceiro mundo!Novas peças no mecanismo trouxeram suas particularidades sonoras e provocaram uma evolução coletiva. À frente da trupe permanece a base: Rodrigo Cerqueira, com delicadeza viking na bateria, e Felipe Machado, investindo alto nos vocais e guitarra; Lipe Torre, que neste álbum deixa de canto a escaleta e abisma os mais céticos com sua faminta guitarra. E, entrando pra laia agora, temos: Edu Sattajah (dos Leões de Israel), que abraça o seu baixão de alcance sísmico; e Lucas Frugoli, comandando seu vantajoso teclado. Com produção impecável de Victor Rice, o resultado é uma síntese entre estas nuances da jovem formação e uma possível nova rota para o mesmo destino. Tal mescla acarretou numa sonoridade encantadora, dançante e altamente vibrante.
Neste que é o terceiro álbum, o Firebug pôde contar com participações valorosas: nas faixas “Afeganistão” e “Many Ships”, Cedric Brooks e Kevin Batchelor (ambos que já passaram pelo time do Skatalites); em “Wasting Time”, temos Chris Murray na retaguarda; em “Many Ships”, também participa Glen Pine (da aclamada banda californiana The Slackers); e segurando o refrão com estilo primo em “Sister (Don’t You Go)”, a porto-riquenha Mimi Maura (dona da famosa voz de ‘Monkey Man’, clássico regravado por diversos artistas). Um disco pra encher de orgulho os cidadãos exaustos da mesmice propagada pela mídia desprovida de conteúdo. Para comprar o disco, acesse: Radiola Records. Cante, dance e exalte a beleza da música brasileira acudida por braços da música jamaicana!
1. Firebug - Influenza Tropical (3:21)
2. Firebug - Não Vou (4:01)
3. Firebug - Many Ships (3:20)
4. Firebug - A Hora (3:52)
5. Firebug - Sister (Don't You Go) (3:09)
6. Firebug - Pros Amigos (3:31)
7. Firebug - Afeganistão (3:00)
8. Firebug - Meu Lugar (3:28)
9. Firebug - O Preço (3:32)
10. Firebug - Wasting Time (3:59)
11. Firebug - O Preço (Dub) (3:23)
2. Firebug - Não Vou (4:01)
3. Firebug - Many Ships (3:20)
4. Firebug - A Hora (3:52)
5. Firebug - Sister (Don't You Go) (3:09)
6. Firebug - Pros Amigos (3:31)
7. Firebug - Afeganistão (3:00)
8. Firebug - Meu Lugar (3:28)
9. Firebug - O Preço (3:32)
10. Firebug - Wasting Time (3:59)
11. Firebug - O Preço (Dub) (3:23)
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Este é o fruto do projeto paralelo do vocalista do Firebug, Felipe Machado (o Maxado), junto com o fundador da Sensacional Orquestra Sonora, Eduardo Faiguenboim (o Peixoto). O disco “I Wanna Shoyu” (2009) veio pra simular o tal "substituto do Firebug" (dizem que a banda foi diluída a pouco), apesar de ninguém confirmar tal título. Assim sendo não poderia ficar de fora desta matéria! Uma obra-prima de autoridade sem igual, capaz de menear quaisquer estandartes cerimoniais. A dupla, Peixoto & Maxado, somam esforços com a banda que parece mais uma trupe formada para emancipar o ingresso da música jamaicana em terras brasileiras. Afinal, todos os integrantes são militantes de outras bandas de certo renome. São eles: o guitarrista Fabio Pinc, o percussionista Mauro Motoki (ambos do Ludov), o multiinstrumentista Meno Del Picchia no baixo, Agenor de Lorenzi nos teclados, Marcelo Freitas no saxofone, Paulinho Viveiro no trompete, Jaaziel Gomes no trombone, Samuel Fraga e/ou Ângelo Kanaan na bateria. Quando mencionei que P&M são os mensageiros com a carta de alforria da musica jamaicana, digo os ritmos pouco disseminados por aqui - o Rocksteady predomina cercado por coisas como: Soul, Dub, Balada, Folk e Indie. A missão foi cumprida!
A concepção, seleção e produção mostram como se deve fazer. Mesmo saindo do forno do aconchegante estúdio caseiro, o trabalho carrega qualidades majoritárias. Músicas autorais, na maioria, quando não amaciam nossos tímpanos com fan-versions de grandes artistas, demarcando de uma forma totalmente original. Eu, amante nato de covers e remakes, destaco logo de cara a faixa “Maria Bethânia” - clássico b-side de Caetano Veloso numa versão de tirar o fôlego. Também novas roupagens podem ser vistas em “Pomps And Pride”, de Toots & Maytals; e “Sound of Silence”, de Simon & Garfunkel. Das faixas de autoria própria enfatizo a atenção principalmente para “Rock the World”, “The Bus” e “Pick Up The Pieces” (esta última em referência a um álbum da banda The Royals). O fato é que em todas as faixas, Peixoto & Maxado, cantam em total harmonia e entrosamento. Não há como dizer qual canta mais que o outro, mas garanto que com apenas um deles o disco se transformaria em algo bem mais pobre, raso e banal. Hora de apreciar mais uma das coisas boas que vem surgindo em nosso Brasil brasileiro pós-2000. Por sinal, uma terra muito fértil onde facilmente se diz que não há nada de valor brotando. Balela! Afinal, o cenário independente sempre foi assim: a locomotiva atravessa a urbe sem lançar se quer fumaça! E assim será, que lucrem os interessados. Força ao reduto de boas novas da música popular brasileira!
1. Peixoto & Maxado - Die In Vain (3:52)
2. Peixoto & Maxado - Mojo (4:28)
3. Peixoto & Maxado - I Wanna Shoyu (3:13)
4. Peixoto & Maxado - I'll Do You (2:08)
5. Peixoto & Maxado - Milf (3:00)
6. Peixoto & Maxado - Pick Up The Pieces (3:01)
7. Peixoto & Maxado - Sound Of Silence (4:25)
8. Peixoto & Maxado - Little Jarinu (3:17)
9. Peixoto & Maxado - Bros Before Hoes (3:46)
10. Peixoto & Maxado - Maria Bethania (6:03)
11. Peixoto & Maxado - The Bus (4:21)
12. Peixoto & Maxado - Play The Game (3:57)
13. Peixoto & Maxado - Boi Be Shalom (2:55)
14. Peixoto & Maxado - Three Chord Song (3:20)
15. Peixoto & Maxado - Rock Your World (3:53)
2. Peixoto & Maxado - Mojo (4:28)
3. Peixoto & Maxado - I Wanna Shoyu (3:13)
4. Peixoto & Maxado - I'll Do You (2:08)
5. Peixoto & Maxado - Milf (3:00)
6. Peixoto & Maxado - Pick Up The Pieces (3:01)
7. Peixoto & Maxado - Sound Of Silence (4:25)
8. Peixoto & Maxado - Little Jarinu (3:17)
9. Peixoto & Maxado - Bros Before Hoes (3:46)
10. Peixoto & Maxado - Maria Bethania (6:03)
11. Peixoto & Maxado - The Bus (4:21)
12. Peixoto & Maxado - Play The Game (3:57)
13. Peixoto & Maxado - Boi Be Shalom (2:55)
14. Peixoto & Maxado - Three Chord Song (3:20)
15. Peixoto & Maxado - Rock Your World (3:53)