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at Freddy's Drop faz do palco seu estúdio mais intimista com seu mais novo projeto: "Live At RoundHouse London". Sem dúvida, o disco ao vivo mais impressionante de 2010. Com o FFD a produção é inversa, seus álbuns de estúdio surgem mais como uma forma de condensação dos épicos concertos ao vivo. A banda neozelandesa apresenta, neste show gravado em 2008, uma relação dialética de reciprocidade vital entre os integrantes e o público do início ao fim. Ambientes harmônicos mais sintéticos como Drum'n'Bass e House são precisamente combinados com o Jazz, Soul e principalmente Reggae, levando os fãs ao delírio. O caminho do Fat Freddy sempre foi rotulado complexo, devido a sua rebuscada e completa sonoridade. Para ilustrar da “melhor maneira” pense numa mistura perspicaz entre Defacto (projeto paralelo do Mars Volta) e Daftpunk (dupla conhecida nos anos 90 por suas alquimias eletrônicas). O resultado é tudo isso e mais um pouco!DJ Fitchie é o diretor musical, o guia-mestre: comanda o baixo e a bateria com sua MPC e sintetizadores utilizando técnicas alienígenas – toda complexidade da banda está sobre seus pretensiosos sets! Insano! Dobie Blaze manuseia suas teclas com autoridade, fazendo dos delays mais que um acento. Joe Dukie valida todo o trabalho com suas composições e seu vocal de tranqüilidade aterradora. A onda do Dub é alimentada com sabedoria pela fusão entre bateria e baixo (neste show contam com participação de um baterista que não descobri a procedência!). Tehimana Kerr harmoniza discreta e essencialmente a grandeza sonora da banda. Na linha de metais, com reflexos sempre fantásticos: Scott Towers, no sax; Toby Laing, no trompete; Joe Lindsay, vulgo 'Ho Pepa', no trombone.
Nesta performance, cada faixa pode ser considerada uma odisséia particular - todas com duração nada comercial, de 10 à 16 minutos. Mesmo assim, o disco é confortável demais para cansar qualquer ouvido. A musicalidade empregada é muito requintada, explanam sobre varias paisagens sonoras, e isso deixe a obra leve e divertida. Baquetadas swingadas presentes em "The Camel" (veja o preview no topo do artigo), leva-nos a crer que tudo acabará em bossa! "Pull The Catch" é, também, um caso que deve ser tratado à parte. Começa quase como um mero reggaton com timbre lisérgico 8-bits. Logo vira um groove enérgico repleto de metais ecoando com força comovente. Na segunda metade da faixa, a bateria dispara sua rebeldia eletrônica inusitada. Em seguida finalizam em alta classe com trecho de "Fisherman" do The Congos. Já "The Raft" é a mais jamaicana, com baixo reto e metais redondos - ao final da jam, numa passagem primorosa surge o clássico "Ernie", do primeiro disco. Extremamente fenomenal: tirem, sem pressa, o chapéu para Faaaaaaaat Freeeeeddy's Drooop!
"Minha sugestão, porém, é simples e direta: coloque pra tocar e vá fazer outra coisa (limpe seu quarto, estude para a escola de verão...). Quando a música parar, trate de colocá-lo pra tocar novamente. Desta vez, aumente o volume e atenção, e relaxe. Quando a disco terminar, pela terceira vez, coloque pra tocar. Considere esta sua hora de meditação. Quando a música parar ... bem, você sabe o que fazer!" ~Breath of Life
Dê o play, macaco!
"[2010] Live At RoundHouse London"
1. Fat Freddy's Drop - The Camel (13:29)
2. Fat Freddy's Drop - The Raft + Ernie (16:11)
3. Fat Freddy's Drop - Flashback (12:16)
4. Fat Freddy's Drop - Pull the Catch (10:53)
5. Fat Freddy's Drop - The Nod (10:16)
6. Fat Freddy's Drop - Shiverman (15:58)
~integrantes:
Dallas Tamaira ("Joe Dukie") – vocalista
Chris Faiumu ("DJ Fitchie") – percussão, produção, MPC e sintetizadores
Toby Laing ("Tony Chang") – trompete
Tehimana Kerr ("Jetlag Johnson") – guitarra
Iain Gordon ("Dobie Blaze") – pianos, teclados e sintetizadores
Joe Lindsay ("Hopepa") – trombone, tuba
Scott Towers ("Chopper Reedz") – saxophone